A Concepção do Ensino na Área de Ciências Humanas
A expressão
“Ciências Humanas e suas Tecnologias” leva-nos a uma reflexão inicial sobre sua
inserção no campo dos conhecimentos a ser oferecidos, atualmente, no conjunto
da educação básica.
Embora toda ciência
seja indiscutivelmente humana, por resultar da acumulação cultural gerada por
diferentes sociedades, em diferentes tempos e espaços, o estudo das denominadas
“humanidades” remonta às artes liberais antigas, notadamente ao estudo das
artes, línguas e literaturas clássicas. Na Idade Média, a tradição cristã
acentuou a distinção entre a literatura sacra e a profana, evidenciando o
caráter laico das humanidades. Em seguida, o Renascimento perpetuou essa
condição, enfatizando a necessidade de um arcabouço de conhecimentos acerca dos
estudos sobre o humano e sua condição moral. Segundo Chervel e Compère (1999),
até o século XIX, o estudo das Humanidades foi responsável pela formação do
cristão dos colégios jesuítas, do cidadão das luzes e do republicano dos liceus
modernos.
Na primeira metade
do século XX, as Ciências Humanas consolidaram-se como conhecimento científico,
a partir das contribuições da fenomenologia, do estruturalismo e do marxismo;
porém, o ensino das Humanidades, como corpo curricular tradicional e
enciclopedista dirigido à formação das elites, somente
apresentou mudanças
significativas nas três últimas décadas do século passado, como resultado das
grandes transformações socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
Na atualidade, a
área de Ciências Humanas compreende conhecimentos produzidos por vários campos
de pesquisa – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia, além de
outros, como Política, Antropologia
e Economia – que têm
por objetivo o estudo dos seres humanos em suas múltiplas relações,
fundamentado por
meio da articulação entre esses diversos saberes. Nesse sentido, a produção
científica, acelerada pela sociedade tecnológica, tem colocado em debate uma
gama variada de novas questões de natureza ética, cultural e política, que
necessitam emergir como objeto de análise das disciplinas que compõem as
Ciências Humanas. Portanto, o caráter interdisciplinar desta área corrobora a
necessidade de se utilizar o seu acervo de conhecimentos para auxiliar os
jovens estudantes a compreender as questões que os
afetam, bem como a
tomar decisões neste início de século. Dessa forma, ao integrar os campos
disciplinares, o conjunto dessas ciências contribui para uma formação que
permita ao jovem estudante compreender as relações entre sociedades diferentes,
analisar os inúmeros problemas da sociedade em que vive e
as diversas formas
de relação entre homem e natureza, refletindo sobre as inúmeras ações
e contradições da
sociedade em relação a si própria e ao ambiente. A convicção de que o ensino
das Ciências Humanas é indispensável para a boa formação de nossos estudantes
foi a principal inspiração
para a formatação
dos currículos de História, Geografia, Filosofia e Sociologia aqui
apresentados.
No caso de História
e Geografia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Fundamental
ofereceram referenciais importantes às discussões que ancoraram a elaboração
deste documento.
Segundo os PCN,
à História compete “favorecer a
formação do estudante como cidadão, para que assuma formas de participação
social, política e atitudes críticas diante da realidade atual, aprendendo a
discernir os limites e as possibilidades de sua atuação, na permanência ou na
transformação da realidade histórica na qual se insere”.
Quanto à GEOGRAFIA, o documento aponta
como objetivo “estudar as relações entre o processo histórico na formação das
sociedades humanas e o funcionamento da natureza, por meio da leitura do lugar,
do território, a partir de sua paisagem”. Nesse sentido, é por intermédio
dessas duas disciplinas que o conjunto dos diversos saberes que conformam as
Ciências Humanas participa, de maneira interdisciplinar, do processo
de formação do Educando.
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